No final dos anos 1950, início dos 60, munidos de câmeras 16mm e gravadores portáteis, realizadores como D.A. Pennebaker (Don’t look back) e Robert Drew (Primary) começaram a redefinir os rumos do cinema documental na direção de um cinema mais observacional. Neste tipo de representação, o som captado no momento da filmagem era primordial.
Desde então, os contornos e convenções do documentário se mantém em constante transformação, mas a captação de som direto segue como uma das vigas de sustentação do gênero.
Neste excelente vídeo da SoundWorks Collection, o processo de realização do som do documentário “La Source” é esmiuçado, desde a captação – dificultada pelo uso de câmeras DSLR, cujo som é péssimo – até a composição da trilha e mixagem.
Especial atenção para a delicadeza da mixagem em se manter “do tamanho do filme” e para o amor dos realizadores pela “temp music”, a trilha temporária que servira de referência durante a montagem. É interessante também, a nota sobre a voz over, feita pelo ator Don Cheadle.
Numa comparação interessante, o documentário brasileiro “Belo Monte, anúncio de uma guerra”, bom exemplo da qualidade do som dos documentários brasileiros: som direto correto, desenho de som delicado e trilha impecável de Beto Villares.
Para os leitores contumazes, o excelente texto de Jeffrey Ruoff, Conventions of Sound in Documentary.
Vale a pena dar uma olhada também neste outro post do somdefilmes, sobre filme do Michael Moore: